Ministro da Saúde da Índia Harsh Vardhan segura uma dose da vacina COVID-19 da Bharat Biotech chamada Covaxin Foto: Adnan Abidi / Reuters

Ceará Brasil, 06 de março de 2021

Por Rafael Garcia e Bruno Alfano

Seguindo cronograma atual, país chegará a abril de 2022 sem atingir imunidade coletiva; se contratos em negociação vingarem, marca pode ser alcançada em dezembro de 2021

O Brasil ainda está longe de chegar à marca de 70% de sua população vacinada, estimada como um limiar mínimo para imunidade coletiva contra o novo coronavírus. Após 49 dias de campanha de vacinação em curso, apenas 3,75% da população (5% dos adultos) recebeu a primeira dose do imunizante. E, se forem consideradas apenas as vacinas com contrato fechado no Brasil, o país deve chegar a abril do ano que vem ainda sem atingir a taxa almejada de 70% de vacinados com duas doses.

Fonte: O Globo (sobre dados do Ministério da Saúde) * Cálculo levou em conta capacidade de vacinação de 2 milhões de pessoas/dia, acúmulo de doses novas entregues, e reserva de doses para segunda aplicação; intervalo de dose é o aprovado pela Anvisa ou empregado no teste clínico; tempo para distribuição de vacina não foi computado e data de aplicação de segunda dose foi computada sem atrasos. A Estimativa considera que todos os lotes a serem recebidos pela Covax são da vacina Oxford/Astrazeneca. É considerado imunizado o indivíduo que tomou a última dose, após 14 dias da aplicação

A projeção é baseada em cronograma de entrega de vacinas que o Ministério da Saúde divulgou nesta semana, levando em conta apenas os contratos já assinados e que já tenham data de entrega prevista de doses.

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O governo federal está em tratativas com mais fabricantes de vacina e divulgou nesta semana os prazos propostos em negociações. Se esses contratos se concretizarem, o Brasil teria capacidade de atingir o limiar dos 70% ainda antes do fim do ano. Esse segundo cenário inclui vacinas da Pfizer, Janssen, Sputnik V e Moderna.

Essa perspectiva mais otimista requer também a confirmação de “compras futuras” que o ministério lista a serem efetuadas com a AstraZeneca e a Sinovac, que detêm, respectivamente, os royalties das vacinas que vêm sendo produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Instituto Butantan, a partir de setembro.

A projeção feita pelo GLOBO levou em conta os períodos necessários de intervalos entre doses aprovados para cada vacina (no Brasil ou no exterior) e considerou uma capacidade de aplicação de 2 milhões de doses por dia no Brasil, que especialistas consideram exequível. Seria difícil chegar a um limiar de 70% antes de dezembro, porque, quando a maioria dos lotes de vacina estiverem chegando, o Programa Nacional de Imunização (PNI) possivelmente já estará operando com sua capacidade total, sem condições de aplicar as novas doses em tempo hábil.

Um dado preocupante é que o Brasil só tem compra de vacina contratada para imunizar 65% de sua população. O Ministério da Saúde divulgou o recebimento de 275 milhões de doses de vacinas para o Brasil, incluindo na conta as já entregues e aplicadas (apenas 1,23% da população já recebeu as duas doses da vacina). Outros 140 milhões de doses viriam pelas “compras futuras” com AstraZeneca e Sinovac, e mais 161 milhões são as doses ainda “em tratativas”, segundo o cronograma do governo federal.

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Se todos os negócios listados pela pasta se concretizarem, no ano que vem o Brasil já terá dose para vacinar 100% da população. Mas o ritmo atual de vacinação está lento, segundo especialistas, justamente por conta da falta de vacinas no sistema.

Segundo Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin, o Brasil tem experiência e estrutura suficientes para ter mais agilidade, mesmo num cenário de escassez de doses.

— O Brasil conseguiu vacinar 80 milhões de pessoas, na campanha contra Influenza, em apenas três meses. São 38 mil salas de vacinação no país inteiro, com profissionais treinados. É inaceitável o que estamos vendo — afirma. — Faltam experiência e organização para lidar com esse tipo de campanha, que é realmente complicada.

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Desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19, o Brasil deu a primeira dose do imunizante para, em média, 0,1% da sua população por dia. De acordo com o portal Our World in Data, da Universidade de Oxford, o ritmo de vacinação brasileiro fica bem abaixo do de outros países.

Fonte O Globo

 

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